A viagem do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo Nordeste não deixa dúvida sobre seu desejo de candidatar-se à Presidência em 2018. Ainda está indefinido o que dirá a Justiça a respeito. Mas é certo que o Lula de 2018 não será o mesmo que governou o país entre 2003 e 2009. Os escândalos de corrupção o tornaram mais dependente do próprio partido e deverão forçá-lo a um discurso mais radical. Não se pode descartar o risco de ruptura autoritária, já visível no apoio de petistas à ditadura de Nicolás Maduro na Venezuela.
“As inovações políticas do Brasil republicano parecem mais governadas pelas rupturas inesperadas ou inevitáveis do que por decisões efetivamente políticas e democráticas”, escreve o sociólogo José de Souza Martins (à direita na foto, em entrevista ao jornalista Mario Sergio Conti) num dos artigos da coletânea Do PT das lutas sociais ao PT do poder, tema de minha coluna desta semana na revista Época. “O PT é um partido monolítico e em certo sentido autoritário. Ele não convive com o dissenso nem pode fazê-lo.”
Martins diagnostica no partido uma mentalidade “absolutista e arcaica”, cujas consequências tendem a agravar-se num quadro de tensão institucional e polarização ideológica. É preciso estar atento para que nossa democracia frágil não pague o preço.
G 1 Domingo, 27/08/2017, às 08:42,
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